O 11 de Setembro

O 11 de Setembro nos Estados Unidos nunca me impressionou. Tenho pena daqueles que morreram sem culpa de nada, mais nada.

Naquele dia pensei que finalmente os Estados Unidos começavam a ter dentro das suas fronteiras a ‘fruta que cultivaram’ em dezenas de países, enganei-me.

Morreram menos de quatro mil pessoas naquele atentado, muito mais do que isso morrem diariamente à fome por esse mundo fora e ninguém levanta monumentos em sua memória, pelo contrário calam essa realidade. Foi uma ínfima amostra do que semearam na Coreia, no Vietname, no Iraque, no Afeganistão, na Síria, e em menor escala no Chile (derrube do governo democrático de Allende), em Cuba (Guantánamo e bloqueio) e outros locais. Lembram-se de quem era o embaixador dos EU no Chile aquando do golpe militar de Pinochet e que foi nomeado embaixador em Portugal a seguir ao vinte e cinco de abril? Sim, aquele que tinha reuniões secretas de ‘trabalho’ com o primeiro ministro português – segundo ele próprio disse na televisão -, no sótão da embaixada dos EU em Lisboa.

Foram os EU que deram instrução militar a Bin Laden enquanto serviu os seus interesses de fornecimento de armamento aos conflitos locais, quando deixou de servir os seus interesses … mataram-no, o que já tinham feito com Saddam Hussein.

Finalmente os EU disseram que não querem ser mais os polícias do mundo, ainda bem porque só fizeram porcaria. Saíram do Afeganistão com o ‘rabo entre as pernas’, para saírem pediram segurança àqueles contra quem lutaram vinte anos.

A ganância e o desejo de supremacia mundial conduziram à produção em massa de armamento para matar pessoas em vez de produzir comida e bens para matar a fome no mundo. Um míssil balístico custa muitos milhões de euros, quantas plantações, escolas e hospitais se fariam com esse dinheiro? Porque me hei-de importar com os problemas dos países que não se importam com o mal que eles próprios fazem à humanidade?

A África, o Brasil e as alterações climáticas são os exemplos perfeitos do saque infame levado a cabo por alguns países ditos ricos. Os países de África são pequenos peões no xadrez jogado no G7 e no G20, enquanto vão sendo saqueados através do comércio internacional. As pedras, os metais preciosos e a madeira da Amazónia são delapidados enquanto os índios locais vão sendo exterminados. As alterações climáticas são o resultado do uso e abuso na utilização do carvão e do petróleo para produzir a riqueza que muitos ostentam em detrimento dos milhares de milhões que vivem na miséria.

Calem as armas e ouçam o gemido da humanidade.

Li algures que “Um reino só é rico quando o seu povo vive bem.”

Não tenho nenhum curso de protocolo diplomático, por isso digo o que penso nestas crónicas opinativas do nosso tempo.

 

Daniel Graça

05/09/2021

https://postal.pt/opiniao/2021-09-07-O-11-de-setembro-15c1743e